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Um chapéu de palha ornado com muitas fitas coloridas, lenço colorido amarrado no pescoço, um monte chocalhos nas costas, óculos escuros, cravo branco na boca e uma lança repleta de fitas coloridas. Claro, que só podia ser o caboclo de lança, figura folclórica do maracatu rural ou de orquestra, típica de Pernambuco. E por este período ele está com a agenda cheia, com apresentações em muitos lugares do Carnaval. Mas ele passou por aqui só para falar um pouquinho dele aqui em nossa página com o Varejito, que fez várias perguntas para ele.

Varejito – Olá seu Caboclo de lança, tudo bem? Diga uma coisa, a gente queria muito saber sobre suas origens.

Caboclo de lança – Como vai Varejito, tudo bem? Bom, como estou bem ocupado e não tenho tempo a perder, vou falar bem rapidinho. Na verdade eu sou um símbolo da cultura pernambucana e apareço sempre na folia com meus amigos do Maracatu Rural. Há quem diga que minhas origens são uma mistura de culturas afro-indígenas com outras manifestações populares aqui em Pernambuco, principalmente lá de onde eu venho, na Zona da Mata.

Varejito – Um dos nomes do Maracatu que você dança é Maracatu de Baque Solto. A que de deve esse nome engraçado?

Caboclo de lança – Ah, é que tem a ver com os instrumentos que nosso cortejo ou orquestra toca, que são de percussão e sopro. São eles: bombo, surdo, tarol, porca (cuíca), gonguê, além dos instrumentos de sopro como o clarinete, o trombone e o trompete.

Varejito – humm, muito interessante. E diga mais uma coisa, quem mais faz parte desse seu cortejo?

Caboclo de lança – Temos muita gente, mesmo, entre eles estão quatro figuras principais Mateus, Catirina, a Burra e o Caçador, além de mim, claro!

Varejito – E essa lança que você sempre carrega, o que é?

Caboclo de lança – Essa lança é minha principal característica, e também é conhecida como “guiada”. Geralmente ela mede uns 2 metros de comprimento. É como se fosse nossa arma de madeira.

Varejito – E essa gola tão bonita?

Caboclo de lança – Essa gola é o meu maior orgulho. Pois é feita por mim. Passo o ano todinho para fazer. Para isso, economizo bastante só para investir em toda essa indumentária.

Varejito – E por falar nisso, toda essa roupa que você usa, o que é?

Caboclo de lança – Essa calça, a gente chama de ceroulão, é feita de chitão e tem elástico nas pernas. E por cima dela, a gente usa a fofa, que é essa calça frouxa com franja que fica em cima do ceroulão. Tem também o meião comprido como de jogador, preso com liga de elástico e a minha camisa de mangas compridas com cores vivas. E sobre ela, o surrão, que é esta armação de madeira coberta de lã de cor, amarrada nas costas que ergue os ombros. Preso nele a gente coloca cinco chocalhos, para fazer muito barulho por onde passamos. E tem também esse lenço que a gente amarra na cabeça, por cima do chapéu. E essa cabeleira enorme é feita de muitas tirinhas finas de papel celofane ou laminado bem coloridas, para ficar parecendo uma juba de leão. E para a gente se proteger, colocamos um galho de arruda atrás da orelha e esse cravo branco, para manter o corpo fechado. E tudo isso é pesado, viu? Pode chegar a 40 quilos.

Varejito – Nossa, é muito pesado, eu não aguentaria dançar por aí com tudo isso. Mas é isso, a gente vai se despedindo, pois sabemos que você tem muita festa para animar, não é mesmo?

Caboclo de lança – E tenho mesmo, mas foi um grande prazer estar aqui com você, Varejito, muito obrigado! E não deixe de ver minhas apresentações, você vai se divertir. Convido os seus leitores para virem me conhecer e dançar comigo. Até breve, amiguinhos!