Autores Entrevistas

Divertido bate-papo com a escritora Selma Maria

Foto: Samuel Macedo

Esta semana temos a participação mais que especial de Selma Maria, autora do livro Um pequeno tratado de brinquedos para meninos quietos da cidade,da editora Peirópolis. Foi muito legal conversar com ela. Descobri que ela sempre teve paixão por livros infantis, que ia para peças infantis na adolescência e isso a deixou mais próxima desse mundo lúdico e mágico das crianças. Leia o nosso bate-papo e descubra um pouco mais sobre essa escritora que tem uma criança dentro de si.

Varejito: Na infância, quais eram os seus autores favoritos?

Selma: Não foram vários, foram poucos. Monteiro Lobato com a Emília e suas transgressões e pensamentos malucos acompanharam minha infância toda. Maurício de Souza e sua turma também. Eles foram os principais. Mas acho que a literatura infantil me levou a ser criança até hoje, pois não consigo deixar de apreciá-la e acho que por isso resolvi virar escritora. Vou na livraria e vou direto na parte infantil. Na minha adolescência, fiz todas as coisas que um adolescente faz como aprender a beijar, namorar, chorar na TPM, mas houve em São Paulo, cidade que nasci e vivo até hoje, um grande movimento do Teatro infantil e ia em todas as peças, lindas montagens sensíveis. Olhar a infância sempre foi meu movimento interno. Formei-me arte-educadora na FAAP para ensinar e estar próxima do olhar poético que os meninos têm, que é o olhar mais próximo dos artistas. Tantos pintores fizeram esse caminho de recuperar a simplicidade do traço infantil. Como escritora estou sempre lembrando dos meus pensamentos de criança para criar meus poemas e me alimento do que as crianças fazem hoje para poetizar a vida.

Varejito: Você sempre sonhou em ser uma escritora?

Selma: Não, só depois de viajar muito pelo Brasil vendo as crianças brincarem e principalmente depois do mergulho na obra, vida do escritor João Guimarães Rosa que comecei a escrever meus primeiros versinhos com quase 40 anos!!!! O sertão é um ninho e viver neste ninho com as crianças mineiras de Morro da Garça, Cordisburgo e Andrequicé me levaram a querer ser escritora.

Varejito: Qual foi o seu primeiro livro e que história ele conta?

Selma: Um pequeno tratado de brinquedos para meninos quietos, da Editora Peirópolis, que a Renata Borges e a Luciana Tonelli, minhas primeiras editoras, me ajudaram com grande maestria a publicar.

Varejito: Vi que você gosta de poesias. Quais os poetas que você mais gosta?

Selma: Manoel de Barros, Drummond, Quintana, José Santos, Adelia Prado…Ai são tantos…

Varejito: O seu livro “Um pequeno tratado de brinquedos para meninos quietos da cidade” fala como as crianças que moram em centros urbanos podem se divertir, apesar do pouco espaço físico que elas dispõem. Quais são as principais dicas que você daria para uma criança que mora em um apartamento, mas que precisa colocar a energia infantil para fora?

Selma: Ir para a rua, olhar as pessoas, conversar com elas, procurar onde tem poesia na cidade, andar devagar, parar na esquina, olhar com o primeiro olhar, de estrangeiro que nunca passou por ali mesmo se você passa por ali todos os dias. Sempre vai ter algo diferente. A cidade está sempre mudando. Parar de reclamar também ajuda. Aceitar a sua cidade e descobrir as sua belezas, pequenas belezas, invisíveis belezas é a proposta deste livro. E quem leio se encantou com a sua poética. Porque achar poesia olhando para o mar é fácil. Encontrar poesia no concreto, barulho é um dos segredos de ser feliz numa grande cidade.

Varejito: O que não pode faltar em um livro infantil?

Selma: O pensamento genuíno da infância, a transgressão de fazer um mundo diferente sem perceber que está fazendo um mundo diferente, que ninguém inventou, pensou daquele jeito.

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