Dicas de Leitura

Leituras para conhecer e aprender mais sobre os quadrinhos

Esta semana aprendemos a diferenciar as histórias em quadrinhos, tipos e nacionalidades. Para conhecer ainda mais este tipo de arte, nossa primeira sugestão de leitura é o livro As linguagens dos quadrinhos, de Daniele Barbieri. Esta não é uma história de quadrinhos, nem uma investigação sobre seus méritos e deméritos, mas uma exploração que pretende definir suas coordenadas no mapa das linguagens da comunicação de massa (da ilustração à pintura, à fotografia, às artes gráficas, à poesia, à literatura, ao cinema), e suas contínuas e recíprocas interações.

post_4_livro_1

Mais do que diferenças, que são, no entanto, um ponto de partida natural, a ênfase aqui é dada às semelhanças, ou melhor, às características comuns às várias linguagens. Uma abordagem sobre os quadrinhos que permite atravessar as linguagens que atravessam os quadrinhos, abrindo caminho para uma rica leitura de suas referências multimidiáticas, como um meio de expressão como este merece ter.

post_4_livro_2

Ainda dentro da didática sobre a história dos quadrinhos, a segunda dica é a obra A guerra dos gibis – A formação do mercado editorial brasileiro e a censura aos quadrinhos, 1933-64, de Gonçalo Junior, ilustrado por Ettore Bottini. A guerra dos gibis narra a chegada dos quadrinhos ao Brasil, vindos dos Estados Unidos em meados da década de 1930, pelas mãos do jovem jornalista Adolfo Aizen, funcionário do jornal O Globo. Após mostrar a descoberta a Roberto Marinho – que não demonstrou o menor interesse -, Aizen lançou seu Suplemento Infantil no jornal A Noite. A novidade logo se tornou uma irresistível mania de crianças e adolescentes – e uma mina de ouro para editores de jornais e revistas, que se engalfinhavam na disputa por aquele mercado milionário. De febre juvenil e editorial, os quadrinhos passaram a ser duramente atacados por políticos, jornalistas, artistas, educadores, religiosos e toda sorte de palpiteiros, que enxergavam ali apenas “monstruosidades e imoralidades”, “subliteratura infame”, “analfabetismo, pobreza intelectual”, “verdadeiras orgias de sadismo, pornografia e estupidez”, “corrupção de menores”, “mitologia truncada e monstruosa”. As histórias em quadrinhos mobilizaram as mais altas figuras da vida brasileira, como Getúlio Vargas, Jânio Quadros, Jango, José Lins do Rego, Jorge Amado, Nelson Rodrigues, Leonel Brizola, Assis Chateaubriand, Carlos Lacerda, Victor Civita, Gilberto Freyre e muitos outros – alguns contra e outros a favor do que parecia ser o mal do século. Fruto de uma pesquisa de mais de dez anos, o livro conta ainda com um caderno de fotos recheado de capas do primeiro número de cada gibi e um anexo com a legislação de censura – hoje, muito curiosa – que tentava pôr ordem no coreto.

post_4_livro_2

Por fim, a indicação é uma obra clássica em forma de quadrinhos: Em busca do tempo perdido-pocket manga, de Marcel Proust. Esta coleção traz para o leitor brasileiro os textos de grandes clássicos da literatura universal adaptados para a linguagem ágil e dinâmica dos mangás. Uma xícara de chá preto e uma madeleine. É com este pequeno agrado que o protagonista é recebido por sua idosa mãe. O aroma e o sabor desta combinação imediatamente o remetem à infância, e ele inicia uma longa reminiscência de seu passado. A grandiosa obra de Proust (1871-1922), um dos maiores clássicos da literatura universal, publicado em sete volumes entre 1913 e 1927, é uma verdadeira contemplação sobre a memória, sobre a escrita e sobre como tudo o que vivemos acaba por influenciar o que nos tornamos.

Postar um comentário

*
*