Dicas de Leitura

Leituras para celebrar e relembrar grandes escritores

E já que estamos homenageando grandes escritores por ocasião do Dia Nacional do Escritor, nada mais justo do que indicar alguns nomes e suas obras importantes para a literatura brasileira. A primeira sugestão é Perto do coração selvagem, primeira obra de Clarice Lispector. A história de Joana marcou a ficção brasileira em 1944. A narrativa inovadora (ainda hoje) provocou frisson nos círculos literários. A técnica de Clarice Lispector funde subjetividade com objetividade, alterna os focos literários e o tempo cronológico dá lugar ao psicológico (o presente entremeado ao intermitente flashback). A prosa leve discorre com fluência e fluidez nos meandros da protagonista, na sua visão de mundo e interação com os demais personagens. É o texto do sensível e do imaginário, ora enfrentando ora diluindo-se aos incidentes reais de Joana. A leitura também é lúdica, quando o leitor tenta adivinhar o que a autora preparou páginas adiante e se surpreende com o que presencia.

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A segunda sugestão é Capitães da areia, de Jorge Amado, que desde seu lançamento, em 1937 causou escândalo: inúmeros exemplares do livro foram queimados em praça pública, por determinação do Estado Novo. Ao longo de sete décadas a narrativa não perdeu viço nem atualidade, pelo contrário: a vida urbana dos meninos pobres e infratores ganhou contornos trágicos e urgentes.

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Várias gerações de brasileiros sofreram o impacto e a sedução desses meninos que moram num trapiche abandonado no areal do cais de Salvador, vivendo à margem das convenções sociais. Verdadeiro romance de formação, o livro nos torna íntimos de suas pequenas criaturas, cada uma delas com suas carências e suas ambições: do líder Pedro Bala ao religioso Pirulito, do ressentido e cruel Sem-Pernas ao aprendiz de cafetão Gato, do sensato Professor ao rústico sertanejo Volta Seca. Com a força envolvente da sua prosa, Jorge Amado nos aproxima desses garotos e nos contagia com seu intenso desejo de liberdade.

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Por último, nossa dica é o livro O homem que fazia chover & outras histórias de Carlos Drummond de Andrade. Reconhecido como um clássico da literatura brasileira principalmente pela sua vasta obra poética, dentre as mais importantes do século XX em qualquer idioma, Carlos Drummond de Andrade (1902-87) foi também um prosador lírico e imaginativo. Esta reunião de contos e crônicas revela o lado ficcionista do escritor mineiro, um prosador dotado das mais altas qualidades – como o texto fluente, a caracterização precisa dos personagens, a linguagem a um só tempo clássica e moderna -, em histórias, fábulas e anedotas cheias de graça e humanidade. Um elenco de causos inesquecíveis, em que fantasia e realidade se misturam, resultando numa leitura leve, instrutiva e deliciosa.

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